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MESA4: DESENHO. DISCIPLINA. OFÍCIO.

Em recente artigo Michael Graves, arquiteto e professor emérito da Universidade de Princeton, afirma que a arquitetura não pode se “divorciar” dos desenhos ou “reduzi-los a produtos finais de um projeto, hábeis somente para serem expostos em algum museu”. Ressalta ainda Graves que os desenhos devem “fazer parte do processo criativo sendo aquilo que liga a mente com os olhos e as mãos. [...] No simples trabalho sobre o computador, alguma coisa se perde. O desenho a mão estimula a imaginação e nos permite refletir sobre as ideias, um bom sinal que estamos verdadeiramente vivos”.   

 

Na história da arquitetura a relação entre o desenho e o edifício sempre esteve presente, porém com um duplo caráter, por um lado vinculado à própria formulação de uma ideia primeira, de uma forma, de uma relação com o lugar e a paisagem e por outro um caráter absolutamente diverso, onde através de uma linguagem abstrata de uma codificação (plantas e cortes) o edifício é pensado mais fortemente em sua mensuração ganhando portanto uma representação mais científica na arquitetura. Verifica-se que o processo de projeto é de grande complexidade e que neste sentido, não é possível abordar um desenho técnico que se oponha a um desenho de esboço, imediato. Estes são complementares, mesmo não sendo sequenciais ou concordantes.

 

Uma vez tensionados os limites do desenho à mão a arquitetura é chamada a se recolocar e a responder sobre sua atual proposição. Ou poderíamos inverter, uma vez tensionada a arquitetura em função de suas mais contemporâneas respostas, sua representação também é chamada a propor ou repropor seus vínculos. Evidentemente, essa é uma das questões de fundo e não resolvida da arquitetura, com a qual historiadores e arquitetos de todos os tempos se confrontaram, e nossa tarefa diante delas deve ser, como afirma Tafuri, “deixar viver os problemas não resolvidos no passado, inquietando assim o nosso presente”.

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